sábado, 25 de fevereiro de 2012

Descoberto inseto sem olhos e asas em caverna a 2.000 metros de profundidade

Na gruta mais funda do mundo, Ana Sofia Reboleira descobriu cinco novas espécies de insetos, o escaravelho Catops cavicis e quatro colêmbolos: Anurida stereoodorata, Deuteraphorura kruberaensis, Schaefferia profundissima e Plutomurus ortobalaganensis. Este último é o único animal terrestre descoberto a uma profundidade de 1980 metros abaixo da entrada da cavidade. “Num ambiente aparentemente abiótico, como são as grandes profundidades cavernícolas, onde a luz do sol jamais entra e onde os recursos alimentares são extremamente escassos e as temperaturas muito baixas, é realmente notável encontrar-se vida”, revela a bióloga portuguesa.
A descoberta resulta da expedição ibero-russa de Verão do CAVEX Team em 2010 à cavidade Krubera-Vorónia, localizada na Abcásia, uma área remota perto do Mar Negro, nas montanhas do Cáucaso Ocidental.Lá, a bióloga da Universidade de Aveiro e o colega espanhol Alberto Sendra do Museu Valenciano de História Natural, levaram a cabo uma série de prospecções biológicas em diferentes partes da caverna que é a única do mundo que ultrapassa os dois quilômetros de profundidade (2191 metros abaixo do nível do solo).
“Todo o trabalho no interior da cavidade é duríssimo, as temperaturas são muito baixas e o risco de hipotermia é permanente, não se pode parar muito tempo no mesmo lugar e os animais que recolhemos são muito raros e difíceis de encontrar, implicando muitas horas de busca”, explica Ana Sofia Reboleira.A gruta onde os cientistas realizaram a expedição é conhecida desde os anos 60 e foi protagonista de sucessivos recordes mundiais de profundidade desde 2001, mas nunca se tinham efetuado estudos bioespeleológicos no seu interior.
“Fomos surpreendidos por uma biodiversidade superior àquela que esperávamos a tão elevadas profundidades. Não se conheciam animais cavernícolas que vivessem abaixo dos mil metros de profundidade”, afirma a bióloga portuguesa.As novas espécies descobertas, descritos por Rafael Jordana e Enrique Baquero na revista científica Terrestrial Arthropod Reviews, são insetos diminutos, sem asas, olhos, pigmentação, que vivem em total escuridão e que há milhões de anos desenvolvem mecanismos de adaptação que lhes permitem viver a grandes profundidades.


Fonte: http://www.cienciahoje.pt

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