segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Gases pré-históricos dão novas informações sobre clima e oceanos

Amostra de gelo coletada na Antártica, onde se podem ver as
bolhas de ar pré-histórico aprisionadas quando o gelo se solidificou.
[Imagem: Oregon State University]

Os cientistas que estudam as mudanças climáticas têm total acesso à composição da atmosfera atual. Basta abrir um frasco no local que se quer estudar, coletar uma amostra e levá-la para o laboratório para análise.
Mas como comparar a composição e as alterações nos diversos gases que compõem a atmosfera ao longo das eras geológicas se os cientistas não possuem registros de como era a atmosfera no passado?

Tempo congelado

A resposta é que eles têm sim, acesso à atmosfera exatamente como ela era muito antes de existirem as primeiras estações meteorológicas e muito antes mesmo do surgimento do homem na Terra.
Amostras dessa atmosfera pré-histórica estão cuidadosamente arquivadas e lacradas no interior de amostras de gelo e rocha que se solidificaram ao longo das eras, guardando em seu interior minúsculas bolhas de ar - as chamadas inclusões fluidas.

Inclusões fluidas

As inclusões fluidas dão um testemunho preciso de como era o clima e a composição da atmosfera há milhões de anos atrás.
Agora, utilizando inclusões fluidas capturadas no gelo da Antártica, cientistas descobriram evidências de uma estreita correlação entre a temperatura, os níveis de dióxido de carbono e as correntes oceânicas.
Jinho Ahn e Edward Brook, da Universidade do Oregon, nos Estados Unidos, estudaram as amostras de ar contidas nas inclusões fluidas de 390 amostras de gelo coletadas na Antártica, com idades entre 20.000 e 90.000 anos.
Em um ambiente rigorosamente controlado, os cientistas moem as amostras de gelo para que os gases das bolhas incrustadas sejam liberados e possam ser estudados, medindo o percentual de dióxido de carbono que cada uma contém.

Correlação

Os cientistas então compararam os níveis de dióxido de carbono encontrados com dados climáticos da Antártica e da Groenlândia nos períodos equivalentes, bem como com sedimentos oceânicos que permitem saber a velocidade que as correntes oceânicas apresentavam.
Eles descobriram que as elevações nos níveis de dióxido de carbono estavam relacionadas com os aumentos posteriores na temperatura da Terra, assim como com a redução na circulação das correntes oceânicos no Atlântico Norte. Os dados também sugerem que os níveis de dióxido de carbono se elevaram com o enfraquecimento da mistura de águas com o Atlântico Sul.
Os pesquisadores esperam que o estudo das inclusões fluidas de amostras de gelo mais antigas que serão coletadas na Antártica permitam que seus estudos possam ser refeitos com maior resolução temporal e dêem mais detalhes sobre os intervalos temporais entre as alterações dos níveis de dióxido de carbono e a temperatura.

Fonte:Site Inovação tecnológica
Bibliografia:Atmospheric CO2 and Climate on Millennial Time Scales During the Last Glacial PeriodJinho Ahn, Edward J. BrookScience3 October 2008Vol.: 22, Issue 5898, pp 83-85DOI: 10.1126/science.1160832

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